...isso é apenas um ensaio...

"Tudo Vale a Pena Quando a Alma não é Pequena!"
Fernando Pessoa

sexta-feira, 30 de abril de 2010

escolha



quem me dera poder escolher
por vontade própria
minha conduta ignota
e assim fazer
de forma verdadeira
minha  história.
Não posso viver
o que me apraz
nem mentir o que sinto
nem tão pouco conhecer
as verdades que trago comigo .
Na covardia desta alma
Vivo uma vida que não é minha
que não me pertence
apenas usufruo
cuja a escolha não fiz.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Ilusões do Amanhã



"Por que eu vivo procurando um motivo de viver,
Se a vida às vezes parece de mim esquecer?
Procuro em todas, mas todas não são você.
Eu quero apenas viver, se não for para mim que seja pra você.
Mas às vezes você parece me ignorar, sem nem ao menos me olhar,
Me machucando pra valer.
Atrás dos meus sonhos eu vou correr.
Eu vou me achar, pra mais tarde em você me perder.
Se a vida dá presente pra cada um,
o meu, cadê?
Será que esse mundo tem jeito?
Esse mundo cheio de preconceito.
Quando estou só, preso na minha solidão,
Juntando pedaços de mim que caíam ao chão,
Juro que às vezes nem ao menos sei, quem sou.
Talvez eu seja um tolo,
Que acredita num sonho.
Na procura de te esquecer,
Eu fiz brotar a flor.
Para carregar junto ao peito,
E crer que esse mundo ainda tem jeito.
E como príncipe sonhador...
Sou um tolo que acredita, ainda, no amor..."

PRÍNCIPE POETA (Alexandre Lemos )

 
Esse poema foi escrito por um aluno da APAE, chamado (pela sociedade) de excepcional. Excepcional é a sua sensibilidade! Ele tem 28 anos,
com idade mental de 15.

Certidão


De certo sou um louco

quanto a isto 

restam poucos que

sanidade tenham

ou quem sabe possam

esta verdade contestar.

Contudo, Alexandre poderá

como testemunha servir e confessar

que as palavras ditas

em vão nao foram

e tu és por assim dizer

minha namorada agora!
 

quarta-feira, 28 de abril de 2010

sobre minhas fotos


“... uma imagem vale mais que mil palavras!”

Trago comigo guardadas no peito as histórias de quase mil vidas nestes parcos quase trinta, algumas fotos eu perdi, outras não pude tirar, umas e outras me foram roubadas e até extraviadas, contudo, as poucas que tenho me são caras como as mais preciosas jóias raras.
Meu Avô...
Uma foto de matizes sutis, um pouco descolorida é verdade, mas não importa nada, para mim a mais cara. Um Passeio na região Amazônica, o dia ainda esta alto, ao centro um homem alto e branco, sem barba ou bigode, camisa bege clara e calça de tecido, um “boné Milton Nascimento” e óculos de grau, um sorriso maroto adorna o rosto, uma figura fantástica e atemporal.
A única foto que tenho traduz o que as palavras jamais poderiam dizer!  
“Paizão e Nega”
Em um vacilar, num simples piscar de olhos, trinta e seis anos juntos, que história e quantos desafios vencidos, a foto de meus pais trás consigo além da celebração de um aniversário a renovação (no olhar) de uma jura de amor eterno, desfocada, sem ângulo, revelando apenas o que se devia e ocultando o que nada mais importava.
                Amor maior não há! (simples assim)
Três Cavalheiros
Distintos Cavalheiros iguais em honra, bravura e destemor, a cena revela a proximidade dos titãs e a imparcialidade do tenaz! O olhar de um é como o espelho de tempos idos e memoráveis, dos outros o “start” de um filme multicolorido, alegre e demasiadamente surpreendente, quase como os três mosqueteiros ou quem sabe três patetas!
              A esquerda o Peão, ao centro a torre e a direita o Bispo!

Tarde Vos amei

"Tarde Vos amei,
ó Beleza tão antiga e tão nova,
tarde Vos amei!
Eis que habitáveis dentro de mim,
e eu, lá fora, a procurar-Vos!
Disforme, lançava-me sobre estas formosuras que criastes.
Estáveis comigo e eu não estava Convosco!
Retinha-me longe de Vós
aquilo que não existiria,
se não existisse em Vós.
Porém, chamastes-me,
com uma voz tão forte,
que rompestes a minha Surdez!
Brilhastes, cintilastes,
e logo afugentastes a minha cegueira!
Exalastes Perfume:
respirei-o, a plenos pulmões, suspirando por Vós.
Saboreei-Vos
e, agora, tenho fome e sede de Vós.
Tocastes-me
e ardi, no desejo da Vossa Paz"
 Poema de Santo Agostinho em louvor ao amor de Deus!

Aurélio Agostinho (do latim, Aurelius Augustinus), Agostinho de Hipona ou Santo Agostinho foi um bispo católico, teólogo e filósofo que nasceu em 354 d.C. em Tagaste (hoje Souk-Ahras, na Argélia); morreu em 28 de Agosto de 430, em Hipona (hoje Annaba, na Argélia). É considerado pelos católicos como santo e doutor da doutrina da Igreja.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Adeus Dr. Zé


Desculpem a minha lerdeza, não me apresentei, me chamo Rick e sou músico / cantor / ator / palhaço de circo e mecânico de autos nas horas vagas, sou casado com a afilhada do Doutor Zé (a Gorethy, uma flor de formosura) pra mais de cinco anos e o nosso padrinho de casamento foi o Doutor Zé e o seu Luciano (nossa, que veio bom!). Depois daquele dia o povo vivia me chamando pra cantar em velório a musica dos “Titãs” chamada “Enquanto Houver Sol”, como uma homenagem póstuma pro falecido, mas ninguém levantou não, só eu que levantei uma grana e comprei uma casa nova e uma bicicleta. O Doutor Zé e seu Luciano faz tempo que vivem rindo do povo, de vez em quando chega um turista e a gente conta a história do Doutor Zé e o povo não acredita.

Mas o Doutor Zé morreu (de verdade), dessa vez só por precaução, o Prefeito e o Padre esperaram o Doutor Zé ficar fedendo e não deixaram eu cantar nem o seu Luciano falar com ele, morreu com mais de cem anos, viveu bem o Doutor Zé.

Enquanto Houver Sol



Ainda com o galo cantando na cabeça me aproximei do caixão que muito vistoso dava até pena de enterrar, muitas flores e mensagens que não acabavam mais, tinha um monte de história pra contar e não me lembrava de nenhuma, então eu resolvi cantar uma música dos “Titãs” chamada “Enquanto Houver Sol”, como uma homenagem póstuma. O estranho dos funerais é o fato de você ir para se despedir de alguém que pensa conhecer, e lá descobre outra pessoa que nunca poderia supor que existia, tudo isso faz você sentir mais saudade e desejar com todas as forcas que aquela pessoa não tivesse morrido. Pois é, as vezes acontece...

Enquanto eu cantava a música, o Doutor Zé levanta se mexe dentro do caixão, depois começa a tirar as flores do rosto e o algodão do nariz (eu continuava cantando, empolgado!) e de repente ele senta dentro do caixão e depois se ajeita e pula pra fora. No inicio eu achei que o povo tava tudo bravo comigo e tava indo embora por causa da música (as vezes eu desafino), mas depois que todo mundo começou a correr e passar um por cima do outro, como se tivesse visto visagem, eu olhei pra trás e vi o Doutor Zé do meu lado (isso não foi legal!), foi quando eu descobrir que um homem crescido pode se mijar nas calças e sair correndo feito criança. Eu corri até em casa e me escondi debaixo da cama, mas teve gente pior, teve gente que pulou pela janela, nunca teve tanta gente na igreja como nesse dia se escondendo do podre Doutor Zé, dizem que tem menino que não passa perto do Palácio ou de funerária porque acha que o Doutor Zé vai querer correr atrás dele, seu Luciano ficou rindo do povo e dando bengalada na cabeça dos outros até não ter mais ninguem (velho doido).

Dona Miudinha


Deixei o povo na praça e voltei pra fila, resolvi encara - lá antes que mais gente chega-se, não demorou muito (cerca de duas horas e meia), estava já bem perto da escadaria do Palácio, que mais parecia arquibancada de futebol, me sentei ao lado de um velho acompanhado de uma moça, perguntei por que não entrava direto dada a sua idade avançada, ao que me responde o mal educado: “-- Velho é seu avô!” A moça riu e repreendeu o mal humorado, depois de pouco tempo, alguns degraus acima, o velho rabugento me pergunta se conhecia o Doutor Zé (pergunta tola) e por que estava ali, fiz de conta que não era comigo, levei uma bengalada na cabeça que fez galo e o pior, não podia nem brigar com o velho doido. Entre o galo na cabeça e o caixão foram outros quarenta minutos, já na porta eu entendi por que demorava tanto, todo mundo que ia contava uma (to sendo tão bonzinho, uma!) história do Doutor Zé, algumas até bem engraçadas e outras muito comoventes, o velho doido se chamava Luciano, era como se fosse irmão do Doutor Zé, tinha sido compadre e amigo quase que a vida inteira, o velho resmungão foi contar como o Doutor Zé ajudou o filho dele a nascer.

Que o Doutor Zé era gente fina todo mundo já sabia, era o padrinho perfeito, mas o primeiro afilhado foi o filho do velho doido (seu Luciano Pereira), que também era funcionário do Tribunal na época do Doutor Zé, naquele tempo não tinha muito isso de levar mulher buchuda pra hospital na hora do filho nascer, era o padrinho que ia buscar a parteira no quinto dos infernos, rezando pra mulher não ter ido atender outra buchuda, mas nesse dia o Doutor Zé tava sem sorte (nesse tempo não tinha carro e nem telefone), tinha de ir atrás da parteira de bicicleta, foi na casa de duas e não conseguiu nada, com a indicação da terceira, que era certeza estar em casa, foi no rumo da periferia (isso é bem longe) no encalço de Dona Miudinha, ao chegar a boa noticia a parteira tava em casa, entrou e esperou um pouco, aflito e nervoso queria logo botar Dona Miudinha na garupa e seguir caminho no rumo da casa do compadre Luciano, ao que aparece na porta a singela senhora (1,65cm de altura e 109kg) que mas parecia um tatu, Doutor Zé que nessa época era magrinho feito um pau de sebo, carregou Dona Miudinha na garupa quase duas horas, colocando os bofes pra fora, parecia um burro de carga urrando a cada pedalada. Enfim chegaram e Dona Miudinha ajudou o menino a nascer (batizaram o podre de Ermenegildo) e foi uma festa só, no meio dos abraços e da folia, Doutor Zé pegou o afilhado no colo, sem jeito parecia que ia derrubar o pequeno no chão, quando chega perto Dona Miudinha, dizendo: -- “Vamo seu menino, que amanhã tenho de acordar cedo!” Doutor Zé olha a senhora (imagine a Dona Miudinha) e lhe pergunta se ela sabe andar de bicicleta, ela diz que sim, ao que Doutor Zé dá a bicicleta de presente como agradecimento por ter ajudado a nascer o afilhado. Todos na sala riram e o velho rabugento com um sorriso no rosto olha o amigo e diz: -- “Besta, eu tinha levado a gorda mas não tinha dado a bicicleta!”

O Padre


Enquanto o podre coitado se erguia (quase chamei um guindaste), um homem sisudo todo vestido de Padre se aproximou, perguntou se alguém ali era da família, ao que uma velha senhora lhe disse que o falecido não tinha filhos ou família, cabisbaixo perguntou do que tanto ria-mos, a mesma senhora lhe contou a história, ele riu timidamente e tomado por um sorriso se apresentou como Capelão Oliveira do Exército Brasileiro, sisudo e formal, contou que serviu no quartel do Rio de Janeiro, onde o Doutor Zé também havia servido e lá escutou muitas histórias, como das inúmeras reclamações sobre o menino matuto que não sabia nada da vida e vivia fazendo as coisas pros outros recrutas, apanhava de soldado a general, pior que burro velho empancado na estrada, todos diziam que ele mais parecia uma topeira (todos riram).

Uma das historias que mais ouvia na época de quartel além das reclamações do recruta dezenove (número do doutor Zé no quartel), era a do dia que um certo Coronel linha dura resolveu fazer uma visita surpresa no quartel, cinco horas da manha os guardas e oficiais empurraram a porta do alojamento aos berros, tinha tanto oficial com estrelas no uniforme que parecia o céu em noite de lua, inspeção minuciosa e silêncio sepulcral, alguns berros pra variar e o pior aconteceu, no fim do alojamento o sargento grita: “—Senhor! Recruta 19 ausente, Senhor!” O Coronel olha e não acredita, cama arrumada, farda no armário, botinas engraxadas, tudo certo e como deve ser, extraordinário, mas cadê o recruta? Chama a Policia do Exercito, trás os cães e coloca os recrutas pra procurar e reviraram o quartel de cima a baixo em quatro horas e nada, nem sinal do recruta dezenove. Acontece que naquele dia (23 de Abril) era o dia de São Jorge, santo de devoção do recruta dezenove, como o quartel ficava muito longe da cidade, Doutor Zé resolveu deixar tudo arrumado e sair na madrugada pra ir até a Igreja e rezar, menino do interior quando viu a festa esqueceu que tinha mãe ou pai, que tava no exercito e ficou até anoitecer. Quando acabaram os festejos conseguiu uma carona de volta pro quartel e ao chegar foi recebido com voz de prisão, jogaram o dezenove no cadeia e foram avisar o coronel, ninguém tinha tomado café, almoçado ou comido qualquer coisa e nem iriam até achar o recruta dezenove, quando o Coronel perguntou onde ele estava o Doutor Zé (recruta) disse que tava na festa de São Jorge e mostrou a medalhinha que tinha comprado, o Coronel ficou tão chocado que não acreditou, gritou esbravejou quebrou até o dedo mindinho da mão direita de tanto bater na mesa, mas o recruta era tão “topeira” que o Coronel acabou acreditando, já mais calmo mandou soltar o dezenove e mandar servir a comida, estavam todos tão aliviados do recruta estar vivo que nem lembraram de dar um castigo e os demais de comerem que até lhe agradeceram por ter voltado.

O Gordo


Muita gente conversava e outras só falavam, era verdadeiramente uma torre de babel (leia-se praça), no meio dessa confusão chega perto de mim um podre coitado, gordo como um porco cevado, ele transpirava tanto que a blusa de algodão azul clara que vestia (cor original da fabrica) estava azul escuro e o terno preto com a gravata apertada no pescoço, mais parecia que tava pagando promessa pra santo que prestando uma homenagem ao falecido, sentou ali mesmo no chão, tirou uma toalhinha do bolso, que fora torcida repetida vezes que só não criou um lago ali na sua frente, porque o sol tava tão quente que o suor evaporou em dois tempos. O nome do pobre diabo eu não sei (infelizmente), mas depois que ele conseguiu evitar um infarto, danou-se a rir sem parar, e quase não conseguiu se controlar, logo uns três cabras do sertão se ajuntaram na frente dele e perguntaram de quem o desinfeliz tava rindo, entre um riso o pobre contou uma história que todos começaram a rir também. 

O infeliz do quase morta da blusa azul contou quase apanhando que era advogado, colega de faculdade do Doutor Zé, quando ele era presidente da OAB-PI convenceu o amigo a se candidatar ao quinto constitucional (confesso, eu não faço a menor ideia do que seja),  Dr. José (nome que usava no Forum), era muito popular e todos gostavam dele, apesar de tudo isso no dia da eleição tava perdendo de lavada, aí, João das Codornas, dono do taberna onde o Doutor Zé sempre almoçava, viu ele calado, triste amuado, coisa que nunca se tinha pensado, na simplicidade que lhe era peculiar Zé simplificou pra João: "-- Oh João, me candidatei a presidente e to perdendo feio, só um milagre pra mudar isso". Pronto! Não precisava de mais nada, João devoto de nosso Padrinho Pe. Cicero, espalhou a noticia pro Mercado e bairro de São Miguel inteiro: "-- O Doutor Zé quer ser Presidente do Brasil, vamos votar minha gente!". Danou-se disse o gordo, era tanta gente com titulo na mào indo nas escolas, na delegacia, enfim encontraram na porta da sede da OAB uma faixa onde dizia: "urna de votação", pior que fofoca de comadre, um mundo de gente invadiu a OAB, nem policia nem santo tirou esse povo de lá, tiveram de chamar o podre do Dr. José pra explicar, e ainda hoje tem gente revoltado com os comunistas, porque não deixaram eles votarem no Doutor Zé para Presidente do Brasil.

Doutor Zé e suas Estórias


O Sr. José de Araujo Arniqueiras dos Santos e Borges da Silva Neto, serventuário de carreira do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Piauí (aposentado), advogado das antigas, formado no Rio de Janeiro (quando ainda era a Capital do Brasil), residente na Villa Dona Esmeralda, Casa 07 – Térreo, Rua do Mercado, 1313, Bairro de São Miguel, Teresina-PI, também conhecido como “Doutor Zé” era um homem moreno (na verdade negro, daquele bem negrinho) que sempre tinha tempo de sobra, seja pra uma consulta ali na porta ou uma fofoca, viúvo sem filhos, cristão devoto de São Jorge, tinha uma saúde de ferro, ninguém nunca soube dele doente, era alegre e sorridente como ele só, gostava de dançar e contar piada, nenhum moleque sabia mais piada que ele, diziam nas redondezas que tinha escrito piadas até para o Costinha, mas isso ele nem nega nem confirma.  “Doutor Zé” era um homem bom, encrenqueiro como nunca se viu, mas ainda assim um homem bom, perto dele menino (ainda que traquino) não apanhava, policial não se preocupava com nada, era o rei do Mercado e do bairro de São Miguel. Outro dia estava refestelado no sofá, quando vi a notícia no jornal, ele tinha morrido, noventa e dois anos de idade, não imaginava que fosse tão velho, fui até o enterro, coloquei o meu melhor terno para ir ao Palácio do Governo, luto oficial, guarda de honra, umas mulheres chorando canto e crianças brincado no meio da rua, tantas homenagens nem parecia que era advogado, parecia mais um Chefe de Estado. A fila estava tão grande e o sol a pino rachava até molera de jegue, o jeito foi achar um sombra e esperar, debaixo de um pé de não sei o que, fiquei escutando o povo contar as ‘estórias’ do falecido Sr. José de Araujo Arniqueiras dos Santos e Borges da Silva Neto, vulgo “Doutor Zé”.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

último desejo



Na verdade um Pedido.
Quando meu espírito
evoluir e estando livre
deste invólucro se libertar,
por obsequio ...
doem o que se quiser
ou se puder aproveitar.
Em sendo assim,
que pulse saliente
em outro peito Cardisplicente,
este  coração infante.
Que meus olhos
estando vivos,
 ainda possam ver o mar.
Os rins – nem tão saudáveis assim –
poupem um afortunado boêmio
do marítimo da hemodiálise sem fim.
Entrego em bom estado de conservação
Outros órgãos para adoção
– além dos rins e coração –
apenas faço uma observação,
impondo assim (sine quo non)
uma única condição:
quem de mim receber
o que quer que seja,
deverá viver (creia... irá!), 
doravante uma vida errante, 
afastado das meticulosas certezas.
...
Em um jazigo guardem 
o que por ventura sobrar,
junto ao meu avô 
o sono da eternidade
desejo desfrutar. 
Que assim seja!

promessa



Um dia qualquer, de um ano qualquer, em um lugar igualmente esmo, sentado a beira da cama um homem aguarda o raiar do dia. Pela janela apenas a escuridão e os murmúrios próprios da noite, no peito o coração guarda fiel a ultima decisão, a mente inquieta elabora planos, refaz caminhos, desconsidera a matéria e se projeta no infinito.  Amanhece o dia, os primeiros raios da aurora invadem ainda tímidos os olhos adormecidos, lá fora o ruidoso mar se impõe, uma brisa invade o ambiente despertando os sentidos ainda latentes. Ao passar pela porta e trancá-la, um temor invade o peito cercando o coração de aflição, um instante de dúvida, uma última resolução, porta fechada mochila na costa a partida retarda,  algo ficou para trás, sobre a mesa repousa uma carta, um endereço preciso, uma foto inexata.  Na garagem diante da barbara , uma Harley-Davidson verde oliva, modelo WLA3 de 1943, que sobreviverá a 2ª. Guerra Mundial, uma confissão que guarda um pedido, vira-se e entra no veiculo. A portão de madeira se fecha e pelo retrovisor ficam para trás moto e a casa, diante dos olhos somente a estrada. O percurso é curto, não dura mais que algumas horas pela estrada que serpenteia à beira mar, antes porém, uma parada demorada no bosque que se estende até o mar. Enfim o destino, o sol está alto e brilha incandescente, poucas nuvens no céu, os olhos percorrem o lugar, até então desconhecido, amplo e florido de tal sorte que  visão não alcança o fim, um cortejo se aproxima,  indiferente a dor do homem, um menino se aproxima, pergunta alguma coisa, inaudível murmúrio, tendo o silencio como resposta se distância.  Adiante uma viúva chora diante do sepulcro da filha, percorrendo o lugar, tendo na mão a carta busca encontra o preciso lugar, por fim diante de si um sepulcro de pedra, idêntico ao da fotografia. Um anjo armado guarda o jazigo da família, ajoelha-se e reza diante da Virgem Maria, lágrimas se interpõe aos soluços, deposita ali as poucas cinzas que resta,  encerrando assim uma antiga promessa.
“... quando meu espírito se libertar deste corpo, doa o que se quiser aproveitar e o resto creme logo que puder, uma missa mande rezar e minhas cinzas em parte lance ao mar, junto a uma semente no bosque outra parte enterre e o restante deite ao lado da mulher que minha vida dediquei, única mulher que amei.”

trago



Trago no peito
feridas sinceras
–  desventuras –
de um “amor”
desprovido de bravura
que mudou-se
de forma e figura.

Trago na face
a mascara ruída
ou talvez
a carne endurecida
chagas e sulcos

orgulhosas marcas
de batalhas perdidas.

Trago no coração
um sonho bendito

 que um dia cesse
este inferno maldito
que brilhe o sol

em demasia
ao raiar do dia.

Marcial Salaverry



É aposentado e nasceu em 11/12/1938. Comecei a escrever em princípio de 2001, após minha aposentadoria, e após descobrir a Internet. Tenho publicado textos poéticos em diversos sites da Internet. Tenho projetos para lançar meus livros de poemas ainda este ano. Livros Virtuais: Recado aos Homens – Redescobrindo o Amor – Reaprendendo a Amar.



vamos falar de poetas


Desde priscas eras, quando se fala em poetas, a imagem que vem à cabeça dos desavisados é aquela velha figura daquele indivíduo de longa cabeleira desgrenhada, e que vivia eternamente fora da realidade, sempre imaginando quimeras para colocar em suas poesias.

Sempre se imaginou que, para ser poeta, a pessoa teria ser um alienado, vivendo fora da realidade, pois afinal, poesia é fantasia, é utopia... Rimar, rima, mas não é totalmente verdade.

Os poetas, bem como músicos, pintores, contistas, são pessoas normais com as mesmas necessidades de todos, apenas com sua sensibilidade mais desenvolvida. E sempre com uma experiência de vida um pouco mais rica, o que permite melhor ir buscar suas fontes de inspiração. E desenvolver essa inspiração.

Para dizer a verdade, todos temos algo de poeta dentro de nós. Simplesmente alguns tem mais facilidade para soltar suas idéias. Não tem vergonha de expor sua alma, de mostrar ao vivo que tem um espírito romântico. O problema é realmente esse, ou seja, muitas pessoas não conseguem "soltar seu interior", pelo famoso medo do ridículo, por não terem confiança naquilo que escrevem. E talentos são desperdiçados.

Os poetas trazem dentro de si uma vivência muito grande, pois revelam seu interior através de suas poesias. Já um certo Sigmund Freud (tinha que ser ele para explicar isso), nos deixou uma frase lapidar a esse respeito, vejam:

Seja qual for o caminho que eu escolher... um poeta já passou por ele antes de mim...

Com isso, nosso amiguinho quis dizer que um poeta, para ser poeta tem que viver bem intensamente a vida... passar por todas as experiências (ou quase todas), porque deve ter um espírito acima de tudo capaz de perceber as sutilezas da alma humana, e colocar para fora toda a sensibilidade de sua alma e isso não é muito fácil para quem não viveu, e não soube extrair da vida as lições que ela nos deixa.

Através da poesia, o poeta mostra sua alma, conta sua história, realiza suas fantasias, suas quimeras. Há que se saber ler uma poesia, é necessário "ler" as entrelinhas, sentir as sutilezas da "alma poetal".

Muitas vezes é através das poesias que o poeta expressa desejos não realizados, ou conta episódios vividos, deixando sempre para quem o lê a interpretação que cada qual entenderá. Para alguns, é um felizardo que viveu todas as emoções descritas, para outros, um frustrado que não consegue realizar seus desejos e o faz através de seus escritos.

Esse é o grande encanto da poesia... deixar no espírito de quem lê essa grande dúvida... se ela representa apenas uma utopia, ou uma realidade.

Se o poeta é aquilo que ele escreve, ou escreve aquilo que deseja ser.

Se é realmente um romântico, ou se apenas escreve bem sobre romances.

Se realmente está apaixonado, ou se apenas é um "amante do amor", ou seja alguém que cultua o amor como o melhor sentimento que uma pessoa pode ter.

Sempre fica na imaginação o que realmente estará por trás do que é escrito.

Se aquele alguém a quem uma poesia parece ser dedicada é mesmo alguém de carne e osso, ou se apenas representa o desejo do poeta, em sua eterna busca da musa inspiradora.

Muitas vezes um poeta feliz e realizado na vida, poetiza sobre tristezas... Talvez sua alma seja triste. Talvez conte as tristezas de alguém, quem sabe?

A grande verdade é o romance da vida, que sempre nos traz episódios de alegria, de felicidade, de tristeza, de infelicidade, e a sensibilidade maior ou menor que tenhamos de contar esses episódios.

Poetar é um excelente exercício de memória e de imaginação, que todos devem experimentar. Mexe com os sentidos, e desperta sentimentos que muitos julgavam adormecidos.

E com esse espírito, que, poeticamente, desejo a todos UM LINDO DIA." 

Autor: Marcial Salaverry  /   Fonte: A Garganta da Serpente

Compreendendo de uma vez por todas o Hino Nacional Brasileiro


Introdução.: 

O Hino Nacional parece ser um desafio para a maior parte de nosso povo. Pelo que se percebe, poucas pessoas o compreendem, haja vista as inversões de termos oracionais e algumas palavras em desuso. Acabamos, por causa disso - quando encontramos oportunidade de fazê-lo - cantando-o mecanicamente. Um trá-lá-lá irrefletido e frouxo; puxa, falta de civismo!

Portanto, mesmo sabendo haver outros trabalhos do tipo, resolvi despretensiosamente também escarafunchar a letra da obra e, após exame algo criterioso, pequena investigação histórica e desdobramento dos versos, disseminar, de modo mais sucinto e claro possível, as conclusões a que cheguei.


Meu interesse estrito é o de tentar contribuir, ainda que de forma mínima, para que não venha totalmente à ruína o patriotismo tão abalado em nosso país, pois tenho desde sempre me amofinado pelo "orgulho" momentâneo - na realidade, a meu ver, pseudopatriotismo - vindo à tona somente em época de Copas do Mundo e eventos do tipo. Nada contra o esporte, isso é bom e tem de ser assim mesmo, mas só ter sentimento cívico nesses momentos, convenhamos, não é admissível.


Bem, vamos lá: para nos facilitar, separei o trabalho em três breves passos, a saber:

1) A letra aberta, com as principais marcações a serem depois desenvolvidas;
2) A interpretação em si; e
3) O entendimento simplificado do poema.

Espero sinceramente que, ao menos em algum ponto ou outro, o presente opúsculo lhe seja proveitoso.

Autoria do Hino.:

A música, composta em 1822, é de Francisco Manuel da Silva (Rio de Janeiro/RJ, 1795 - Rio de Janeiro/RJ, 1865), que foi diretor musical da Capela Real, compositor, maestro, professor, posteriormente mestre-de-capela da Imperial Câmara, além de fundador do Conservatório do Rio de Janeiro, atual Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Tentou-se adaptar algumas outras letras à melodia estabelecida, mas a atual - e definitiva - , escolhida por meio de concurso em 1909, é de Joaquim Osório Duque-Estrada (Pati do Alferes/RJ, 1870 - Rio de Janeiro/RJ, 1927), escritor, crítico literário, professor, jornalista e imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL).


Note que o autor da letra nasceu cinco anos depois da morte do autor da música. O texto só foi oficializado como letra do Hino Nacional em 6 de setembro de 1922, véspera do Centenário da Independência, por Decreto do então presidente Epitácio Pessoa.

Primeiro passo: a letra aberta (sem versificação, mas separada em suas estrofes originais), com as principais marcações a serem depois desenvolvidas

I

Ouviram do
Ipiranga as margens plácidas de um povo heroico o brado retumbante, e o sol da Liberdade, em raios fúlgidos, brilhou no céu da Pátria nesse instante.

Se o
penhor dessa igualdade conseguimos conquistar com braço forte, em teu seio, ó Liberdade, desafia o nosso peito a própria morte!

Ó Pátria amada,
idolatrada, salve! Salve!

Brasil,
um sonho intenso, um raio vívido de amor e de esperança à terra desce, se em teu formoso céu, risonho e límpido, a imagem do Cruzeiro resplandece.

Gigante pela própria natureza, és belo, és forte,
impávido colosso, e o teu futuro espelha essa grandeza

Terra adorada, entre outras mil,
és tu, Brasil, ó Pátria amada!

Dos filhos deste solo és
mãe gentil, Pátria amada, Brasil!

II


Deitado eternamente em berço esplêndido
, ao som do mar e à luz do céu profundo, fulguras, ó Brasil, florão da América, iluminado ao sol do Novo Mundo!

Do que a terra mais
garrida, teus risonhos, lindos campos têm mais flores; "Nossos bosques têm mais vida", "Nossa vida" no teu seio "mais amores".

Ó Pátria amada, idolatrada, salve! Salve!


Brasil,
de amor eterno seja símbolo o lábaro que ostentas estrelado, e diga o verde-louro desta flâmula - Paz no futuro e glória no passado.

Mas, se ergues da justiça a
clava forte, verás que um filho teu não foge à luta, nem teme, quem te adora, a própria morte.

Terra adorada entre outras mil, és tu, Brasil, Ó Pátria amada!


Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada, Brasil!

Segundo passo: a interpretação.:

I

Ouviram do
Ipiranga (do tupi "ypiranga", que quer dizer "rio vermelho", riacho da cidade de São Paulo perto do qual o então príncipe herdeiro do trono de Portugal, Dom Pedro, futuramente D. Pedro I - primeiro imperador do Brasil - teria declarado a Independência em 1822) as margens (observe que as margens do riacho é que ouviram o brado) plácidas (tranquilas) de um povo heroico (atualmente sem o sinal agudo) o brado retumbante (grito muito forte que chega a fazer eco) e o sol da Liberdade (o sol aqui - com letra minúscula - não é o astro e sim a força luminosa nascida da Liberdade personificada, o esclarecimento dela emanado naquele momento importante) em raios fúlgidos (cintilantes), brilhou no céu da Pátria ("pátria" invoca o tempo ido - a história - e, necessariamente, os antepassados, e a terra natal ou adotiva de alguém que tenha vínculos estritos de afeição, de cultura e valores locais; diferentemente de "nação", que tem a ver com nascimento, de onde se vem, a nacionalidade, quer dizer, tudo o que é ligado jurídica e politicamente ao Estado (União) nesse instante.
(Para melhor entendimento: As margens tranquilas do riacho Ipiranga ouviram o grito forte de um povo heroico e o sol da Liberdade, em raios cintilantes, brilhou no céu de nossa Pátria nesse momento.)
Se o penhor (se a garantia, penhora) dessa igualdade conseguimos conquistar com braço forte (muitos cantam erradamente "braços fortes"), em teu seioem teu teu coração), ó Liberdade, desafia o nosso peito a própria morte! Ó Pátria amada, idolatrada (pela qual se transborda de amor), Salve! Salve! (Damos-lhe "Vivas!") (
(Para melhor entendimento: O nosso peito desafia a própria morte, ó Liberdade personificada, dentro de teu próprio coração, se conseguimos conquistar a garantia dessa igualdade com firmeza! Ó Pátria amada, pela qual transbordamos de amor, damos "Vivas" a ti!)
Brasil, um sonho intenso (às vezes há titubeação devido à dúvida entre este trecho e "de amor eterno" da 2ª parte), um raio vívido (destacado, bem visualizado, nítido) de amor e de esperança à terra desce, se em teu formoso céu, risonho e límpido (sem nehuma nuvem), a imagem do Cruzeiro (do Sul) resplandece (brilha intensamente).
(Para melhor entendimento: Um sonho intenso, meu Brasil, um raio nítido de amor e de esperança desce à terra, se a imagem da constelação "Cruzeiro do Sul" brilha intensamente em teu formoso, risonho e limpo céu.)
Gigante pela própria natureza, és belo, és forte, impávido (corajoso, destemido) colosso (outra vez o sentido de "gigante", corroborando o primeiro), e o teu futuro espelha (muitos cantam erradamente "espelha" com o timbre do segundo "e" aberto: /espélha/ - mas o correto é fechar o "e": /espêlha/) essa grandeza. Terra adorada, entre outras mil, és tu, Brasil, ó Pátria amada! Dos filhos deste solo és mãe gentil (mãe defensora dos filhos e generosa com eles, como qualquer boa mãe), Pátria amada, Brasil!
(Para melhor entendimento: Gigante destemido, pela própria natureza és belo e forte e o teu futuro mostra essa grandeza. Entre outras mil terras, tu és, meu Brasil, ó Pátria amada, a mãe generosa dos filhos deste solo. )

II
 
Deitado eternamente em berço esplêndido (aqui não significa um Brasil "preguiçoso", que descansa para sempre - como querem maldosa e levianamente interpretar alguns, mas sim um Brasil estabelecido num solo maravilhoso, extenso e riquíssimo, com recursos naturais intermináveis. Só pode ser essa a intenção de Duque-Estrada), ao som do mar e à luz do céu profundo ("profundo" aqui no sentido de "sem fim", eterno, inimaginável), fulguras (brilhas), ó Brasil, florão (ornato, enfeite de ouro e/ou pedras preciosas em forma de flor) da América, iluminado ao sol (luz solar) do Novo Mundo! (o continente americano; era como, às vezes, os europeus denominavam a América quando de sua descoberta, que era novo continente em relação ao "velho mundo"(Europa), assim como à África e à Ásia.)
(Para melhor entendimento: Ó meu Brasil, rico ornato da América, tu brilhas iluminado à luz solar do jovem continente, estabelecido para sempre neste solo extenso e rico ao som do mar que dominas e à luz dum céu inigualável. )
Do que a terra mais garrida (vistosa, contente) teus risonhos, lindos campos têm mais flores; "nossos bosques têm mais vida", "nossa vida" no (muitos cantam erradamente "em") teu seio "mais amores" (obs.: os termos entre aspas são partes do poema "Canção do Exílio", de Gonçalves Dias na obra "Primeiros cantos"- 1847). Ó Pátria amada, idolatrada, Salve! Salve! Brasil, de amor eterno (às vezes há titubeação devido à dúvida entre este trecho e "um sonho intenso" da 1ª parte) seja símbolo o lábaro (bandeira, estandarte) que ostentas (exibes com orgulho) estrelado, e diga o verde-louro (obviamente as cores verde e amarela da bandeira, símbolizando as florestas e matas e o ouro, as riquezas minerais) desta flâmula (também: bandeira ou estandarte - simples referência ao termo anterior): Paz no futuro e glória no passado (glória estabelecida, histórica, e anseio pela paz futura).
(Para melhor entendimento: Brasil, teus risonhos e lindos campos têm mais flores do que a terra mais vistosa, assim como nosso bosques têm mais vida e nossa vida em teu coração tem mais amores que qualquer outra terra. Ó Pátria amada, pela qual transbordamos de amor, damos "Vivas" a ti! Brasil, que a bandeir estrelada que tu exibes com orgulho seja símbolo de amor eterno e suas cores verde e amarela digam "Glória estabelecida e anseio pela Paz futura".)
Mas, se ergues (para a luta) da justiça a clava (arma usada para bater nos antigos combates homem a homem - espécie de porrete) forte, verás que um filho teu não foge à luta, nem teme, quem te adora, a própria morte. Terra adorada entre outras mil, és tu, Brasil, ó Pátria amada! dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada, Brasil!
(Para melhor entendimento: Mas se para a guerra tu ergues a clava forte da justiça, verás que um filho teu não foge à luta nem quem te adora temea própria morte. Entre outras mil terras, tu és, meu Brasil, ó Pátria amada, a mãe generosa dos filhos deste solo. )
Terceiro passo, enfim: o entendimento simplificado da letra, em versão livre, mantendo-se a separação das estrofes originais

I

As margens tranquilas do riacho Ipiranga ouviram o grito forte de um povo heroico e o sol da Liberdade, em raios cintilantes, brilhou no céu de nossa Pátria naquele momento.


Contigo, ó Liberdade, o nosso peito desafia a própria morte se conseguimos conquistar a garantia dessa igualdade com firmeza!


Ó Pátria amada, por quem transbordamos de amor, damos "Vivas" a ti!


Meu Brasil, um sonho intenso, um raio nítido de amor e de esperança desce à terra se a imagem da constelação "Cruzeiro do Sul" brilha intensamente em teu céu formoso, risonho e claro.


Gigante corajoso, pela própria natureza és belo e forte, e no futuro será notória essa grandeza.


Entre outras mil terras, tu és adorada, ó Pátria amada, meu Brasil!


Tu és, Pátria amada, a mãe generosa dos filhos deste solo.


II


Ó meu Brasil, rico ornato da América, tu brilhas iluminado à luz solar deste jovem continente, estabelecido para sempre neste solo extenso e rico ao som do mar que dominas e à luz dum céu inigualável.


Brasil, teus risonhos e lindos campos têm mais flores do que a terra mais vistosa, assim como nossos bosques têm mais vida e nossa vida em teu coração tem mais amores que qualquer outra terra.


Ó Pátria amada, por quem transbordamos de amor, damos "Vivas" a ti!


Brasil, que a bandeira estrelada que tu exibes com orgulho seja símbolo de amor eterno e suas cores verde e amarela digam "Temos Glória no passado e ansiamos pela Paz futura".


Mas se para a guerra tu ergues a arma forte da justiça, verás que um filho teu não foge à luta e quem te adora não teme nem mesmo a própria morte.


Entre outras mil terras, tu és adorada, ó Pátria amada, meu Brasil!


Tu és, Pátria amada, a mãe generosa dos filhos deste solo.


Autor: Fabbio Cortez  /   Fonte: Garganta da Serpente

Fabbio Cortez


        O escritor e poeta carioca Fabbio Cortez é filiado à Associação Profissional de Poetas no Estado do Rio de Janeiro – APPERJ. Lançou em 2007, na Bienal Internacional do Livro, no Rio de Janeiro, o livro poético "Público Cativo" - Oficina Editores, prefaciado pela renomada Leila Míccolis, poeta e escritora de livros, teatro e televisão. Cortez tem seu nome em revistas eletrônicas e antologias e pretende publicar em breve outros de seus livros, tanto em verso como em prosa.

ideais

Suspenso na força
o esqueleto inerte,
no canto,
máscaras caidas,
ao lado a justiça
- armada e cega -
estática as suplicas
infiel a balança
insípida ironia
sonhos roubados
paz torturada
alma agrilhoada
sussuros débeis...
igualdade,
fraternidade,
liberdade.
Jaz no peito
augusta bandeira
ideais depostos
déspotas idéias

domingo, 25 de abril de 2010

utilidade pública

 

precaução é tudo

a união faz a força

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