...isso é apenas um ensaio...

"Tudo Vale a Pena Quando a Alma não é Pequena!"
Fernando Pessoa

terça-feira, 27 de abril de 2010

Enquanto Houver Sol



Ainda com o galo cantando na cabeça me aproximei do caixão que muito vistoso dava até pena de enterrar, muitas flores e mensagens que não acabavam mais, tinha um monte de história pra contar e não me lembrava de nenhuma, então eu resolvi cantar uma música dos “Titãs” chamada “Enquanto Houver Sol”, como uma homenagem póstuma. O estranho dos funerais é o fato de você ir para se despedir de alguém que pensa conhecer, e lá descobre outra pessoa que nunca poderia supor que existia, tudo isso faz você sentir mais saudade e desejar com todas as forcas que aquela pessoa não tivesse morrido. Pois é, as vezes acontece...

Enquanto eu cantava a música, o Doutor Zé levanta se mexe dentro do caixão, depois começa a tirar as flores do rosto e o algodão do nariz (eu continuava cantando, empolgado!) e de repente ele senta dentro do caixão e depois se ajeita e pula pra fora. No inicio eu achei que o povo tava tudo bravo comigo e tava indo embora por causa da música (as vezes eu desafino), mas depois que todo mundo começou a correr e passar um por cima do outro, como se tivesse visto visagem, eu olhei pra trás e vi o Doutor Zé do meu lado (isso não foi legal!), foi quando eu descobrir que um homem crescido pode se mijar nas calças e sair correndo feito criança. Eu corri até em casa e me escondi debaixo da cama, mas teve gente pior, teve gente que pulou pela janela, nunca teve tanta gente na igreja como nesse dia se escondendo do podre Doutor Zé, dizem que tem menino que não passa perto do Palácio ou de funerária porque acha que o Doutor Zé vai querer correr atrás dele, seu Luciano ficou rindo do povo e dando bengalada na cabeça dos outros até não ter mais ninguem (velho doido).

Nenhum comentário:

Postar um comentário