O Sr. José de Araujo Arniqueiras dos Santos e Borges da Silva Neto, serventuário de carreira do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Piauí (aposentado), advogado das antigas, formado no Rio de Janeiro (quando ainda era a Capital do Brasil), residente na Villa Dona Esmeralda, Casa 07 – Térreo, Rua do Mercado, 1313, Bairro de São Miguel, Teresina-PI, também conhecido como “Doutor Zé” era um homem moreno (na verdade negro, daquele bem negrinho) que sempre tinha tempo de sobra, seja pra uma consulta ali na porta ou uma fofoca, viúvo sem filhos, cristão devoto de São Jorge, tinha uma saúde de ferro, ninguém nunca soube dele doente, era alegre e sorridente como ele só, gostava de dançar e contar piada, nenhum moleque sabia mais piada que ele, diziam nas redondezas que tinha escrito piadas até para o Costinha, mas isso ele nem nega nem confirma. “Doutor Zé” era um homem bom, encrenqueiro como nunca se viu, mas ainda assim um homem bom, perto dele menino (ainda que traquino) não apanhava, policial não se preocupava com nada, era o rei do Mercado e do bairro de São Miguel. Outro dia estava refestelado no sofá, quando vi a notícia no jornal, ele tinha morrido, noventa e dois anos de idade, não imaginava que fosse tão velho, fui até o enterro, coloquei o meu melhor terno para ir ao Palácio do Governo, luto oficial, guarda de honra, umas mulheres chorando canto e crianças brincado no meio da rua, tantas homenagens nem parecia que era advogado, parecia mais um Chefe de Estado. A fila estava tão grande e o sol a pino rachava até molera de jegue, o jeito foi achar um sombra e esperar, debaixo de um pé de não sei o que, fiquei escutando o povo contar as ‘estórias’ do falecido Sr. José de Araujo Arniqueiras dos Santos e Borges da Silva Neto, vulgo “Doutor Zé”.
terça-feira, 27 de abril de 2010
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