...isso é apenas um ensaio...

"Tudo Vale a Pena Quando a Alma não é Pequena!"
Fernando Pessoa

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Encontro

Há muitos anos tive de fazer uma viagem de negócios, interrompida pelo furacão Katrina, dias num hotel e para minha surpresa vi um grupo de homens, brasileiros como eu para ser bem exato, distintos entre si e muito festivos, como quem não quer nada me aproximei e me deixei contagiar pela alegria.

A noite já adormecia e a manhã insinuava-se no horizonte quando tive coragem de perguntar o que faziam ali, tão longe do Brasil e de suas famílias? Para minha surpresa um silêncio sepulcral tomou todos de súbito, o mais sisudo e também o mais velho me respondeu: – “Honrando a memória de um velho amigo!” Bastou, um a um todos se levantaram e se ocuparam de alguma coisa, restaram apenas eu e minha boca grande sozinhos no bar do Hotel. 

Mais tarde próximo da hora do almoço o velho sisudo, chamado por todos de J.B., me convidou para sentar-se à mesa com eles, titubeie por motivos óbvios, mas aceitei o convite, nenhum daqueles homens me rechaçou como imaginei no princípio ou me desviou o olhar, todos me acolheram e contaram suas histórias engraçadas e redescobrir o quanto o bom ser brasileiro. 

A noite chegara e minha hora de partir também, no saguão enquanto encerrava a conta do hotel e me preparava pra sair J.B. me aborda e me pergunta se queria viajar com eles, digo-lhe que não vou para o Brasil, me olha tão fundos nos olhos que chego a me sentir invadido, é visível seu descontentamento, me pedi uma caneta e rabisca alguma coisa num pedaço de papel o qual coloca gentilmente no bolso do terno, duas batidas no peito e me da um abraço, me deseja boa viagem e me diz um “até breve”, como se tivesse plena certeza que nos reencontraríamos dali a poucos dias.

Durante o percurso do hotel até o aeroporto repenso os dias e me dou conta do papel rabiscado pelo J.B., retiro-o do bolso apenas um combinado de números e letras, algo que me parecia indecifrável, guardei novamente no bolso e segui minha vida, me pareceu uma última brincadeira, sorri e esqueci.

Dias depois, na verdade vários dias, tive uma reunião por demais importante, ao final dela sentia que o mundo estava sobre as minhas costas e todos os meus passos me pareciam impossíveis, resolvi ir até a copa que fica no setor do RH do escritório tomar um café, normalmente o único lugar em que tenho um pouco de paz, sentei à mesa e degustei umcafé novinho e torradas de alguém que iria ficar com fome, logo depois três entusiasmado estagiário de administração chegam e sentam do meu lado, no inicio não notei sua presença, algo que eles trataram  de modificar.

A todo instante um solicitava números aleatórios dos outros para conferir alguma coisa em seu celular de última geração até que um estalo me ocorreu, coloquei a mão no bolso do termo e estava ainda ali o papel que J.B. havia me entregue no saguão do hotel, passei ao estagiário que exultou de alegria, eram as coordenadas de uma ilha no litoral brasileiro.

No mesmo dia incumbi minha secretaria de localizar tal ilha, seus habitantes e especificamente um homem chamado J.B., dei-lhe sua descrição e considerei tarefa cumprida, dias se passaram sem resposta até que um telefone resolve a questão. Naquela tarde uma senhora de voz mansa me deixa um recado, assim que o telefone repousou sobre a mesa corri para o elevador e me apresei em chegar ao lugar marcado, quando lá uma grata surpresa, todo o grupo estava reunido e tudo foi uma festa, não vi a hora passar, o telefone esquecido no carro descarregou de tanto tocar!

Aqui eu desejo abrir um parêntese.
O bom de já ter sido seqüestrado em São Paulo algumas vezes, de ser acionista majoritário de um grande conglomerado de empresas e de ter uma mulher procuradora de justiça é o fato de que quando você precisar ela vai te achar. No entanto existe nessa “vantagem” sobre os demais mortais, uma desvantagem, principalmente quando você ... (blá, blá, blá) e sua mulher chega com uma arma na mão vestindo um colete a prova de balas e uma dúzia homens armados até os dentes e lá fora helicópteros e cachorros, carros de policia e todo um aparato policial pra te resgatas dos seqüestradores, enquanto você está num bar na periferia portuária de Santos, sem terno e com a gravata amarrada na cabeça (como se fosse a faixa do Rambo), sentada à mesa num bar onde os únicos clientes são você e outros seis amigos, tendo sobre a mesa têm um numero incalculável de cervejas, copos quebrados e petiscos. 

     Isto posto e esclarecida toda a situação, todos combinamos de nos encontrar em alguns dia para conversarmos em um lugar tranqüilo, de preferência sem acionar a policia. Assim o fizemos nos reunimos por três dia em uma casa paradisíaca no Guarujá-SP.

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