...isso é apenas um ensaio...

"Tudo Vale a Pena Quando a Alma não é Pequena!"
Fernando Pessoa

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Casa do Guaruja


A viagem para  o Guarujá exigiu um pouco de preparação e táticas militares mas tudo deu certo ao final. De minha parte tudo certo, reuniões adiadas, suborno para as minhas filhas se comportarem enquanto estiver fora, convencer minha mãe a não embarcar em mais um cruzeiros e ficar um fim de semana lá em casa com as meninas, esconder as chaves dos carros e das motos e por fim, a mais cruel das missões, seqüestrar o note book, agendas e pager’s, celulares e a pistola da minha mulher, para poder chantageá-la. Por fim consegui lograr êxito em tudo, mas prometi deixá-la trabalhar no fim de semana, tudo bem, algumas horas sozinho com ela já é bem mais do que o de costume!
Saímos bem cedo, fomos até o heliporto e seguimos para o Guarujá, com o coração em frenético movimento pelo que me espera nem ao menos consegui aproveitar a paisagem, Clarisse (minha mulher) logo que decolamos encostou sua cabeça no meu ombro e pouco se importando com os cabelos desgrenhados suspirou e me beijando com delicadeza a mão balbuciou algo que meu coração escutou como um “eu te amo”!
Um dia um poeta escreveu que “o amor encontra culpas e desculpas”, estava certo, dois minutos depois ela lembrou de um caso e de outro, procurou o note book , tentou ligar e por fim, tive de beijar-lhe a boca e pedir de joelhos no meio do helicóptero a não sei que altura do chão pra ela relaxar, ela sorriu e me pediu desculpas, o comandante riu e tratou de colocar o “pé” no acelerador antes que Clarisse muda-se de idéia.
Ao avistar a casa fiquei impressionado, Uma casa paradisíaca em frente ao mar, soube mais tarde que havia sido possivelmente construída pelo famoso arquiteto americano Frank Loyd Wright em madeira e vidro, com amplo jardim e uma piscina, tinha mezanino em cima da casa coberto por chapéu de sol que o caseiro afirmava ter uns 100 anos e uma vista para o mar indescritível.
 Todos estavam a minha espera e ficaram apreensivos ao verem um helicóptero causar uma bagunça sem precedentes, riram muito e também fizeram muitas piadas comigo depois por ter chegado de forma tão efusiva, me senti deveras acolhido por esta turma de baderneiros e boêmio irrecuperáveis.
O café da manhã estava servido, sendo honesto um banquete real, frutas e toda sorte de guloseimas, café e sucos, leite de gado e cabra, queijos e pães, manjares e delicias incontáveis, afinal instalado naquele pedaço de paraíso estavam umas vinte pessoas.
Sentados à mesa não consegui perceber quem estava ali como convidado ou quem estava servindo, quem era o dono da casa ou o visitante habitual, até um simpático labrador morrom estava comportadamente sentado ao lado das cadeiras degustando uma coisa ou outra que lhe davam. Só mais tarde percebi que apenas Rosalia e Marcos (os caseiros) com ajuda de Dona Cintia (a cozinheira) viviam ali naquele paraíso, os demais como eu, podiam apenas desfrutar, vez por outra, da experiência que era viver naquela casa.
Com o por do sol do primeiro dia veio o espetáculo maior, deitados numa rede na frente do quarto, escutando a cantoria desafinada de alguns seresteiros bêbados na praia, tive a mais romântica noite de amor dos últimos anos com a minha mulher, desejando mesmo que ela ficasse grávida ao raiar do dia.
Nos dias seguintes estávamos totalmente entrosados, pescamos e passeamos de lancha, as mulheres ficaram em casa, para temor dos casados, na companhia das namoradas dos solteiros, e pude conhecer melhor aqueles homens que do outro lado do mundo me fizeram sentir em casa, como eles mesmo se intitulam um sexteto nada fantástico.






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